sábado, 30 de abril de 2011


o céu de abril é azul
sem nuvens
navios de mesmo tom
movem em silêncio
atravessam o mar
de montanhas comidas pelo tempo
pelo vento da manhã
pelos dentes da máquina sem alma

um bando de pombos brancos
rondam seus mastros decadentes
entre o pânico das gaivotas imaginárias

o céu de abril tinge meus olhos em ruínas

terça-feira, 26 de abril de 2011


o que sabes de ti
do que vive ao teu redor
o que sabes da água
da pedra
do peixe que mora
entre a pedra e a água
o que sabes de teu mundo interior
dos que te ensinam
questionam
e te completam

o que sabes da vida
da dor alheia
além de tua ilha
da morte do boi no açougue
da fome da matilha
do que no escuro da manhã
campeia à beira de tua porta
e te humilha

menos ainda saberás do amor
se contra todas as circunstâncias
não fores capaz de amar

segunda-feira, 18 de abril de 2011


o que perturba no amor
não é amor
é dele nada sabermos
porque o verdadeiro amor
não exige provas
nem provocações
não exige fé do coração incompleto
amor que verdadeiramente ama
escapa ao toque dos dedos
ao sabor dos lábios
às lágrimas
aos vários subterfúgios do corpo

as perturbações do amor
nem sempre cegam
podem abrir caminhos invisíveis
no úmido areal da carne
acender estrelas na solidão da noite

não te perturbes tanto
quando o amor chegar

porque desejas a morte
quando as coisas não vão bem para ti
e a vida te parece pesada
mais que um rochedo preso
no fundo do mar
porque foges dela
como o diabo foge da cruz
se estás feliz em tua inconsciência
deixa que a vida se cumpra
em alternâncias de alegria
e de tristezas
não apresse o barco
da indesejada das gentes
não demora muito e não mais verás
a lua branca
na tardes luminosas
porque tudo é tão breve
que nada me parece urgente

não apresses o barco de tua existên

domingo, 17 de abril de 2011


vive conforme aquilo que ensinas
conforme a escrita de tua vida
ignora os que te julgam míope
ou sonhador
os que sob o manto das instituições
sob diplomas clonados na internet
comprados a peso de outro
escondem a ignorância e a covardia
ou em nome de um Deus inócuo
insinuam tua interdição
a ironia nem sempre nasce
do saber autêntico
escreve segundo o ritmo da vida
o poema necessário
não te humilha
não odeias
não ofendas
não finjas
tudo o que te acontece move teu aprendizado
viva conforme o que ensinas

sábado, 16 de abril de 2011


não tenhas medo
das coisas que estão por vir
o que sabes do futuro
do que irá te acontecer
daqui a um segundo
da flor que perfuma
teu cofre de segredos

viva o presente com integridade
inteiro no teu sentir
e nada te acontecerá
que não serás capaz de usufruir
ou suportar
seja fortuna merecida
seja a miséria extrema
cujas pontas se tocam
e no tempo se completam

eis a tua felicidade
receber sem anseios
o que em sigilo a vida te oferece